Luiz Antônio, 69, mostra que esse é um paradigma. Ele deixou uma atividade tradicional para uma altamente tecnológica, dentro de um laboratório de odontologia digital
A população de idosos é a que mais cresce no mundo. No Brasil hoje, de acordo com dados do Ministério da Saúde, são 30 milhões de idosos, 10% da população brasileira e o IBGE projeta que até 2060 os idosos corresponderão a um quarto dos brasileiros. Estamos envelhecendo em um cenário em que os desenvolvimentos tecnológicos acontecem rapidamente, e o resultado vem se convertendo, geralmente, em conflitos dos mais velhos na adaptação às novas tecnologias.
Foi o cenário que o senhor Luiz Antônio Rockenbach, 63, encontrou. Ele fez sua carreira trabalhando como madeireiro, aliás, ele faz parte de uma família de imigrantes alemães que tem desde seus trisavós tradição no trabalho com a madeira. “Na época em que eu trabalhei com madeira, fabricava portas de madeira maciça, beiral de escada, batente de porta, vigamento, estruturas, todas na madeira”, contou.
Mas, já na senioridade, ele teve que mudar de carreira e a oportunidade surgiu ao acompanhar sua filha, a odontóloga Carla Rockenbach, que estava montando um laboratório digital dentro da clínica que ela instalou no Órion Complex, a Venko Inteligência Odontológica. Lá são confeccionadas lentes de contato dentais e facetas de porcelanas, fresadas a partir de um molde produzido por impressora 3D após uma montagem digitalizada. “Então, a clínica precisou de uma pessoa que fizesse o trabalho de fresa e eu acabei me dispondo a aprender e deu super certo”, explica o senhor Luiz.
De uma atividade tradicional, ele passou a atuar em um ambiente totalmente tecnológico, o senhor Luiz Antônio teve de reinventar-se. Ele, que construira uma vida realizando cortes de madeira bruta para construção civil, agora gerencia equipamentos eletrônicos que fazem o fresamento de uma delicada faceta de porcelana, de milímetros de espessura. Na transição, ele teve que enfrentar o computador, aprender não só detalhes operacionais de manipular um mouse e um teclado, mas também funções computacionais complexas como programação, modelagem 3D.
Luiz Antônio hoje é um ponto fora da curva. De acordo com a pesquisa TIC-Domicílios, realizada em 2019, entre os maiores de 60 anos, apenas 21% dizem já ter utilizado computadores uma vez na vida e 72% dos idosos relataram dificuldades na habilidade de manusear equipamentos eletrônicos. Por isso mesmo, ele é uma inspiração para seus contemporâneos. “É preciso estar aberto para o novo porque dá para aprender. O acesso é muito grande à informação e conhecimento, então basta encarar essas novas tecnologias. As mudanças são rápidas e precisamos ir para frente,” analisou.
Ele conta que uma das coisas que o envolveu nesse novo trabalho é a energia e a vibração das pessoas após transformarem seu sorriso. “Eu as via entrando com um estado de espírito e saindo com outro, é contagiante e participar disso é muito gratificante”, diz. De tanto assistir a essa vibração, decidiu, ele mesmo a vivenciar a mudança também agora também sorri com dentes novos de porcelana projetados com equipamentos tecnológicos que ele mesmo opera.
“E quando você olha para o espelho, você vê que melhora muito. Até as pessoas do meu convívio me deram uma resposta positiva e isso é muito bom para reforçar a autoestima em um momento importante da vida como estou vivendo”, completou.
Yorumlar